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Goiânia,19/04/2025

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Filipe Campante

O bolsonarismo morreu, viva o extremismo

Ascensão da grotesca candidatura de Pablo Marçal na corrida eleitoral paulistana reforça dois fatos importantes: a extrema direita é maior e mais forte que Bolsonaro, e essa força constitui enorme obstáculo para a consolidação de uma direita moderada elei

Venho dizendo há algum tempo que já é hora de aposentar o termo “bolsonarismo” para descrever o que acontece à direita do espectro político brasileiro. A ascensão da candidatura à prefeitura de São Paulo do grotesco “coach” Pablo Marçal – aquele que já foi literalmente preso e condenado por golpes bancários – deixa claro o porquê.

Nos idos de 2017-18, Jair Bolsonaro calhou de estar na hora e lugar certos para se beneficiar do furacão que, dos protestos de 2013 à Lava Jato, passando pelo impeachment de Dilma Rousseff, essencialmente destruiu o equilíbrio político constituído pela Nova República e a Constituição de 1988. Todos os principais partidos foram atingidos e, no afã de rejeitar o sistema que naquele momento se revelava como corrompido e havia gerado uma crise econômica de proporções históricas, o eleitor brasileiro achou por bem depositar sua revolta naquele que havia sido por três décadas um outsider dentro do Congresso Nacional.

Sim, a campanha de Bolsonaro teve muitos méritos; por exemplo, em como soube mobilizar as redes sociais para subverter a velha receita do tempo de televisão e alianças partidárias. Mas o fato permanece: Bolsonaro não chegou à Presidência da República por conta de um carisma ou talento político irrefreável. Afinal de contas, se esse carisma arrebatador das massas estivesse ali, provavelmente teria se manifestado em algum momento da sua longa trajetória na política carioca, fluminense e nacional.

Por conta disso, sempre me pareceu um tanto impreciso chamar de “bolsonarismo” algo que sem dúvida é um dos fenômenos políticos mais importantes do Brasil pós-redemocratização. Era demasiado gritante a diferença de tamanho entre esse fenômeno, de um lado, e de outro a mediocridade do político epônimo, para que o termo pudesse ser qualquer coisa além de um apelido de ocasião. 

Eis que agora surge um novo protagonista, por enquanto no âmbito da política paulistana: Pablo Marçal. Deixando de lado os detalhes da sórdida ascensão do “coach”, o elemento mais significativo do sucesso dessa candidatura até aqui é, sem dúvida, o fato de que ele se deu sem a bênção – mais ainda, à revelia – dos Bolsonaro ou mesmo do governador Tarcísio de Freitas, arauto e esperança dos que seguem à espera de um “bolsonarismo moderado”. 


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